O plano de fuga do blogger do Bahrain

<strong>Ali Abdulemam</strong> é o blogger mais famoso de todo o Mundo. Perseguido no <strong>Bahrain</strong> por difamação do regime foi detido dezenas de vezes e transformou-se na voz da defesa dos direitos humanos no estado insular do Golfo Pérsico.

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Em 1999, <strong>Ali Abdulemam</strong> criou o blogue <strong>“Bahrain Online”</strong> (<strong><a href="http://www.bahrainonline.org/" target="_blank">www.bahrainonline.org/</a></strong>), um espaço que usava para criticar o carácter autoritário do regime monárquico totalitário. Declarado culpado por difusão de informação falsa foi detido e torturado em setembro de 2010, acabando por ser libertado em fevereiro de 2011.

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A sua popularidade fez com que fosse, então, convidado pelo ativista <strong>Thor Halvorssen</strong>, fundador e presidente da Fundação dos Direitos Humanos e do Fórum da Liberdade de Oslo para dar uma conferência onde transmitiu as suas impressões sobre a dissidência política e as manifestações violentas que tinham ocorrido, por essa altura, em Manana, capital do <strong>Bahrain</strong>.

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Alguns dias depois, o blogger foi acordado pelo amigo <strong>Nasser Weddady</strong>, do Congresso Islâmico Americano â€" o homem cuja ação tinha ajudado à sua libertação. Sobressaltado, <strong>Abdulemam</strong> partiu de imediato, deixando para trás a esposa e os três filhos. Quando a casa foi tomada pela polícia, o blogger já não se encontrava lá.

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Depois deste episódio, <strong>Ali</strong> foi condenado a 15 anos de prisão, mantendo-se escondido para que não fosse capturado. Dois anos volvidos, fez a sua primeira aparição pública, ao lado de <strong>Thor Halvorssen</strong>. Numa entrevista à revista <strong>“The Atlantic”</strong> (<strong><a href="http://www.theatlantic.com/" target="_blank">http://www.theatlantic.com/</a></strong>), o ativista de Oslo confessou que estava, juntamente com <strong>Weddady</strong>, a trabalhar numa estratégia de resgate do blogger do <strong>Bahrain</strong>.

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Durante o processo de fuga, <strong>Nasser Weddady</strong> serviria como elo de ligação entre <strong>Abduleman</strong> e <strong>Halvorssen</strong>. O primeiro passo passou pelo estabelecimento de nomes de código. “Bjorn” seria a palavra usada para designar <strong>Abdulemam</strong> e “Fiji” serviria para falar do <strong>Bahrain</strong>.

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<h2>Plano A: O plano Kardashian</h2>

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O plano A baseava-se na viagem feita por Kim Kardashian, socialite norte-americana casada com o rapper, Kanye West, que decidiu dar uma festa dentro iate de luxo nas águas do Golfo Pérsico.

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A estratégia passava por fazer com que <strong>Abdulemam</strong> entrasse disfarçado num desses barcos e que, desta forma, conseguisse fazer a travessia até ao Iraque. O problema residia no facto de estas viagens não acontecerem com frequência e na forte probabilidade do barco ser intercetado pela guarda costeira saudita ou iraniana.

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<h2>Plano B: Fuga pela Arábia Saudita</h2>

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A fuga por terra através da Arábia Saudita foi uma hipótese colocada por<strong> Halvorssen</strong>. Ainda assim, a sua concretização teria um nível de sucesso pouco elevado, dadas as dificuldades em entrar no país e em conseguir enganar as forças do Conselho de Cooperação do Golfo. Sendo tão perigoso, o plano foi desconsiderado.

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<h2>Plano C: Operação Argo</h2>

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A terceira alternativa foi sugerida por um membro das Jaeger Corps, as forças especiais dinamarquesas, que se ele próprio ofereceu para coordenar o resgate. A estratégia baseava-se na Operação Argo, levada a cabo em 1981, pela CIA, na embaixada americana no Teerão - e que serviu de base para o Ã"scar de Melhor Filme de 2013 (<strong><a href="http://www.imdb.com/title/tt1024648/" target="_blank">http://www.imdb.com/title/tt1024648/</a></strong>).

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<h2>O “resgate”</h2>

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<strong>Thor Halvorssen</strong> dissuadiu Tyler Ramsey, um artista plástico de Los Angeles, a fazer uma apresentação no <strong>Bahrain</strong>, como um engodo para pôr em prática o plano em que <strong>Abdulemam</strong> trocaria de lugar com um membro da equipa de <strong>Halvorssen</strong>. A troca ocorreria num McDonald’s, local onde <strong>Abdulemam</strong> seria disfarçado e caracterizado de forma a embarcar tranquilamente num avião.

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Pensado ao detalhe, o plano não tinha como falhar. A apresentação de Ramsey teria, inclusive, a cobertura de uma apresentadora norte-americana famosa. Quando faltavam cerca de 14 horas para o início do resgate, <strong>Weddady</strong>, na altura, na Tunísia, enviou a seguinte mensagem para <strong>Halvorssen</strong>: “Abortar o plano, Bjorn deixou as Fiji”.

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Desta forma, contrariando os planos preparados e sem que os cúmplices soubessem, <strong>Abdulemam</strong> deixou o país, atravessou a Arábia Saudita dentro do compartimento secreto de um carro, em direção ao Kuwait. Uma vez nesse país, utilizou uma embarcação de pesca para chegar até Bassorá, no Iraque. Em Bagdade, apanhou um voo comercial que o transportou até Londres.

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Contra todas as expetativas, <strong>Abdulemam</strong> havia arquitetado e concretizado o perigoso e improvável plano B. Alguns dias depois, o blogger do <strong>Bahrain</strong> apareceu, no Fórum da Liberdade, em Oslo, ao lado de <strong>Halvorssen</strong>.

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