http://mundodemusicas.com/ - O Mundo de Músicas é um blog que apresenta uma visão panorâmica sobre o fenómeno musical em todas as suas vertentes. Produtores, músicos, fabricantes de instrumentos, managers, designers, roadies e técnicos de som: todas as personagens que compõe a indústria da música merecem o nosso olhar. Textos de opinião, dissertações, crónicas, reviews de álbuns, entrevistas e histórias de bastidores são apenas algumas das rubricas que apresentamos no Mundo de Músicas.
quinta-feira, 31 de dezembro de 2015
As If You Read My Mind - Stevie Wonder
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quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
Dulce Pontes em atuação no Coliseu do Porto
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terça-feira, 29 de dezembro de 2015
A vida de Lemmy Kilmister (Motörhead)
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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
PSY - Happening (Live)
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terça-feira, 22 de dezembro de 2015
Barack Obama canta Amazing Grace
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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015
Control - Kendrick Lamar
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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015
Diana Krall no Baku Jazz Festival
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quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
Scott Weiland não vás embora, fica mais um pouco
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quinta-feira, 1 de outubro de 2015
Life in Photographs: o mundo como Linda McCartney o viu
Linda McCartney: de recepcionista a vulto da fotografia musical
O primeiro grande marco da carreira de Linda McCartney enquanto fotógrafa foi, sem dúvida, quando ainda era rececionista. Desviando um passe de imprensa, a jovem conseguiu esgueirar-se para dentro de um iate, no rio Hudson, onde decorria um evento promocional dos Rolling Stones. A qualidade das fotografias surpreendeu a banda de Mick Jagger, ultrapassando mesmo as do fotógrafo oficial. Algum tempo mais tarde, um retrato de Eric Clapton fez com que se tornasse na primeira mulher fotografa a assinar uma capa da revista Rolling Stone. Ainda na década de 60, Linda capturou imagens de grandes nomes de diferentes géneros musicais: de Aretha Franklin a Jimi Hendrix, passando por Bob Dylan, Janis Joplin ou os The Doors. 1969 foi o ano do casamento. Foi então que Linda decidiu adotar o nome do marido e começar a assinar como McCartney. Antes disso, a fotógrafa tinha já acompanhado o lançamento de Sgt. Pepperâs Lonely Hearts Club Band. A partir do matrimónio, a fotógrafa começou a acompanhar de perto todo o processo criativo dos Beatles, assim como o inÃcio da carreira a solo do marido. A imagem que ilustra a capa do livro remonta a esse perÃodo. Tirada em 1970, foi capturada na mesma altura em que Paul McCartney deixou os Beatles para lançar o disco homónimo que abria com o tema Lovely Linda.Linda McCartney: imagens de uma vida
Life in Photographs tem muito de fotografia musical, mas não se resume apenas a isso. O livro condensa a arte de Linda McCartney mostrando a forma como via o mundo, dos pequenos aos grandes momentos. Nele cabem tanto Michael Jackson, Stevie Wonder e (obviamente) Paul McCartney, assim como momentos do dia-a-dia como uma simples pausa para o café. Independentemente do objeto fotografado, o objetivo mantinha-se: transpor para a imagem a essência de qualquer coisa, fosse ela um grande nome da música, uma criança, animal ou garrafa de whisky. O trabalho era o reflexo de um conjunto experiências pelas quais passava: por influência do marido Linda, aventurou-se na música. Desempenhou também o papel de ativista do ambiente e dos direitos dos animais, e tornou-se vegetariana. Linda McCartney morreu em 1998, quando tinha apenas 56 anos, vÃtima de cancro. O casamento com Paul McCartney durou até à morte. Juntos adotaram uma criança do casamento anterior de Linda e tiveram mais 3 filhos. Sempre atrás da câmara, Linda McCartney deixa um legado documental da sua vida e daqueles que a rodearam. Life in Photographs é a prova disso mesmo. No livro em que a história dela se confunde com a história dos outros presenciamos momentos momentos que ficarão guardados para a posterioridade. Vejamos alguns. A fotografia é de 1967 e mostra Jimi Hendrix num concerto durante uma digressão nos Estados Unidos da América. Durante esta tour, o artista passou por Monterey Pop, pelo Hollywood Bowl e pelo Fillmore West. A imagem acima leva-nos a 1968 e mostra um momento de descontração entre os Beatles. No mesmo ano, sabe-se que o mau ambiente entre os membros da banda levou mesmo a que Paul McCartney e John Lennon gravassem em salas separadas. Na fotografia de 1978 vemos uma comparação atÃpica que levanta algumas gargalhadas. Aqui vemos o biberão aquele que será muito provavelmente o biberão do filho e o whisky do pai. 1973, na imagem vemos os recém-casados Steve McQueen e Ali MacGraw. A Jamaica foi o cenário de fundo não só para a fotografia como para o clássico, Papillon. O matrimónio terminou ao fim de 5 anos., Life in Photographs: o mundo como Linda McCartney o viu ,Ler Artigo Completo, %%url%%sábado, 26 de setembro de 2015
David Bowie e os alter-egos do Camaleão
David Bowie: talento precoce e acidente
Dança, teatro e música foram competências que fizeram parte da educação de David Bowie. Impactado por artistas como Elvis Presley e Little Richard começou a atuar perante um público variado. Colegas do seu grupo de escuteiros recordam que tais apresentações eram memoráveis e pareciam ser feitas por alguém vindo de outro planeta⦠O amor pelo jazz moderno surgiu quando entrava na adolescência e foi suficiente para que a mãe consentisse em pagar-lhe aulas de saxofone. Contudo em 1961 surgiu um imprevisto. Em plena adolescência ficou ferido num olho após uma luta com um colega da escola por causa de uma rapariga. O resultado foi 4 meses de internamento hospitalar e uma série de operações. O olho nunca ficou totalmente recuperado e a pupila é ainda hoje mais dilatada do que o normal, sendo também de outra cor do olho original. Contudo, nada iria impedir David Bowie de se tornar em breve uma das maiores referências culturais do mundo da música.David Bowie: personalidade teatral e extravagante
Em 1967 e com apenas 20 anos editou o seu primeiro álbum de tÃtulo homónimo. O disco no entanto não registou grande sucesso e, por isso, David Bowie refugiou-se no estudo de artes dramáticas, onde procurava encontrar o meio de expressão ideal para encaixar na sua personalidade multifacetada. Com a ajuda da dançarina Lindsay Kemp, aprendeu a exteriorizar toda a imaginação e extravagância que sentia, formando a personalidade camaleónica que iria levá-lo ao êxito absoluto. O resultado final foi demonstrado dois anos mais tarde, em 1969, com o lançamento do seu segundo álbum: Space Oddity (que convenientemente coincidiu com a chegada do homem à Lua). Este foi o disco que estabeleceu a base para a carreira de sucesso que se seguiu e ainda continua com vigor.DISCOS RECOMENDADOS DE DAVID BOWIE:
The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars
, David Bowie e os alter-egos do Camaleão ,Ler Artigo Completo, %%url%%sexta-feira, 18 de setembro de 2015
Mick Jagger: a estrela de Rock que se recusa a parar
Mick Jagger e mais de meio século ao lado dos Rolling Stones
Desde o famoso reencontro do adolescente Mick Jagger com o ex-colega de escola Keith Richards até ao lançamento de 29 álbuns de estúdio e 13 álbuns ao vivo, além de um sem-número de concertos por todo o Mundo, os The Rolling Stones sobreviveram a todos os percalços e modas. Curiosamente, a principal força motora de um dos maiores tesouros culturais de Inglaterra foi, desde o inÃcio dos anos 70, Mick Jagger que com a sua visão estratégica, artÃstica e até empresarial, levou a banda de década em década, século a século, mantendo-se a fazer música incrÃvel. Charlie Watts, o baterista dos Stones, explica melhor do que ninguém porquê: "O Mick não se importa com o que aconteceu ontem. Só se importa com o amanhã". Acima de qualquer outra adjectivação, Mick Jagger é inimitável. Mais do que qualquer outro, o cantor inglês criou o conceito de âestrela rockâ em oposição ao mero cantor de uma banda, destacando-se dos seus parceiros musicais. Que outro artista conseguiria persuadir 250 mil pessoas no Hyde Park a ficarem em silêncio para ler o poema Adonais de Shelley? Além da grande voz e do estilo inconfundÃvel enquanto performer, Mick Jagger coleccionou polémicas públicas e outras menos conhecidas (foi casado 2 vezes e é pai de 7 filhos de 4 mulheres diferentes), tentou uma carreira a solo e buscou uma alternativa criativa no cinema, chateou-se inúmeras vezes com Keith Richards e fez as pazes outras tantas, mas nunca parou, nem estagnou, enquanto persona artÃstica, demonstrando uma jovialidade fÃsica e emocional que faz inveja a qualquer mortal. Para muitos, Mick Jagger personifica ainda a década de 60, incluindo todo o fascÃnio e fantasia que isso implica, mas na verdade ele manteve-se sempre como um homem do seu tempo, sem perder a noção da qual era o seu papel na cultura universal. E manteve-se na liderança da banda mais lucrativa da história da música até hoje.DISCOS RECOMENDADOS DE MICK JAGGER:
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Alfred Wertheimer tirou mais de 3 mil fotografias a Elvis Presley
Alfred Wertheimer: o fotógrafo por detrás da lenda
Elvis Presley tinha 21 anos e viveria outros 21 quando a sua vida se cruzou com a de Alfred Wertheimer. Por muito estranho que pareça, as vidas do cantor norte-americano e do fotógrafo alemão nunca mais voltariam a ser as mesmas. Para Elvis Presley, veio a fama e a imortalidade. Para o fotógrafo, foi uma oportunidade inédita que lhe permitiu criar um portefólio gigantesco e que lhe abriu portas para uma carreira fantástica. Ao longo de sete dias, em Março, Junho e Julho de 1956, Alfred Wertheimer apanhou fragmentos de uma longa história. Sempre omnipresente com a sua câmara, fotografou momentos públicos, como o concerto de sala cheia em Richmond e o Ãntimo beijo trocado com uma fã, no café do Jefferson Hotel. Como uma imagem vale mais do que mil palavras, apresentamos agora algumas das mais emblemáticas fotografias capturadas por Alfred Wertheimer a Elvis Presley e contamos a história de cada uma. Fotografia 1 - Ãs 4 e meio da tarde, Elvis Presley apanha um táxi para o Mosque Theater, em Richmond. Antes de subir para o palco, Elvis visita a casa de banho dos homens e a câmara de Alfred Wertheimer também. Em aproximadamente cinco minutos, dedica-se apenas à popa e à brilhantina. Fotografia 2 - Russwood Park, Memphis, Julho de 1956. Elvis no seu momento Starbust, como definiria Alfred Wertheimer. Fotografia 3 - Um Elvis Presley desgrenhado e sem a sua popa, num contexto mais familiar, enquanto ouve descontraidamente um disco de acetato com as gravações de Hound Dog e Donât be cruel. Ao seu lado, Barbara Hearn, a sua namorada da altura. Fotografia 4 - Elvis na sua Harley Davidson, pronto para arrancar. No mesmo dia (4 de julho de 1956) atuaria para 14 mil fãs num concerto de beneficência em Memphis. Fotografia 5 - A célebre fotografia do beijo, em que Elvis Presley beija uma fã, foi também apanhada pela câmara de Alfred Wertheimer e é provavelmente o seu trabalho mais conhecido. Após a sua colaboração com Elvis Presley, Alfred Wertheimer trabalhou como cineasta para a Britainâs Granada Television, como cameraman para o documentário Woodstock de Michael Wadleigh e ainda numa loja de aluguer de filmes. As quase 4 mil fotografias retiradas a Elvis ficaram guardadas numa caixa â" pelo menos aquelas que não tinham sido usadas. Só mais tarde é que voltaram a ver a luz do dia, chegando sob a forma de livros e em galerias de arte, numa altura em que Elvis já era imortal mas já não estava entre nós., Alfred Wertheimer tirou mais de 3 mil fotografias a Elvis Presley ,Ler Artigo Completo, %%url%%sábado, 12 de setembro de 2015
Robert Plant na escadaria para a imortalidade
Robert Plant: os hiatos dos Led Zeppelin e a inevitável carreira a solo
Nada parecia parar os Led Zeppelin quando, em 1977, uma tragédia ocorreu. O filho de Robert Plant, com apenas 6 anos de idade, faleceu devido a uma infeção viral no estômago. Como resultado, a digressão desse ano foi cancelada e a banda entrou num hiato temporário. O regresso deu-se um ano e meio depois, altura em que começaram as gravações de In Through the Out Door. Contudo, uma nova tragédia abateu-se sobre o grupo em 1980. O imparável John Bonham, baterista dos Led Zeppelin, faleceu subitamente, provocando a dissolução do grupo. Em 1982, Robert Plant decidiu começar a carreira a solo. Desde então, já gravou 15 álbuns e fez várias tournées à volta do mundo. Por vezes é acompanhado pelo amigo Jimmy Page, recriando com novas roupagens clássicos dos Led Zeppelin, cujos pedidos insistentes de reunião raramente deram frutos. Em 1985, os três membros ainda vivos da banda juntaram-se para um concerto de beneficiência do Live Aid. Em 2007, reuniram-se novamente, desta vez para angariar dinheiro para o Ahmet Ertegun Education Fund. Mas desde então os Led Zeppelin não voltaram a actuar. Além de ser uma banda constituÃda por músicos brilhantes, o grupo inglês ultrapassou barreiras estilÃsticas, fundindo rock com blues numa versão mais agressiva do que o habitual, criando assim um novo género musical (o heavy metal) numa combinação explosiva que produziu alguns dos melhores discos de sempre da música. O êxito e o reconhecimento dos Led Zeppelin foi tal que ainda hoje Robert Plant é considerado o melhor vocalista de metal de sempre. O mais notável é que o cantor nunca se resignou ao seu estatuto de culto, permanecendo activo musicalmente de forma profÃcua enquanto artista a solo nos tempos actuais.DISCOS RECOMENDADOS DE ROBERT PLANT:
No Quarter: Jimmy Page and Robert Plant Unledded
, Robert Plant na escadaria para a imortalidade ,Ler Artigo Completo, %%url%%quarta-feira, 2 de setembro de 2015
Quem é Daniel Ek, o homem por detrás da Spotify?
Daniel Ek: Há cura para a praga dos downloads ilegais?
De nacionalidade sueca, Daniel Ek é hoje conhecido por estar detrás do Spotify mas a verdade é que em tempos passou por outras grandes empresas da Internet, como a própria uTorrent. Isto tudo deriva da sua paixão  pelo mundo da tecnologia. Essa mesma paixão foi bem demonstrada aos 14 anos, quando fundou a sua primeira empresa. Em 1999, com apenas 16 anos, o jovem Daniel Ek começava a ganhar dinheiro a partir da construção de websites. Fã ávido de música, começou a formular uma pergunta que o atormentava há algum tempo: Como convencer as pessoas a pagar por música quando a podem descarregar gratuitamente, ainda que de forma ilegal? Não era justo para os artistas que o seu trabalho fosse consumido gratuitamente, mas para os fãs também não era fácil pagar por álbuns novos que saÃssem todas as semanas. Na altura em que fazer download ilegal de músicas se começou a tornar uma prática constante, Daniel Ek descobriu a resposta: um sistema baseado em cloud que torne possÃvel o acesso a milhares de milhões de músicas⦠e de tudo de forma legal. O sistema podia ser suportado por subscritores pagos, com acesso a algumas vantagens. Ainda assim, aqueles que não pudessem pagar poderiam aceder à música gratuitamente, ainda que condicionados por anúncios publicitários. E a verdade é que Daniel Ek acertou. Lançado em Outubro de 2008 em alguns paÃses europeus, o Spotify conseguiu em dois anos criar uma base superior a 10 milhões de utilizadores, dos quais 2.5 milhões eram pagos. Os números mais recentes apontam que, em Janeiro de 2015, o Spotify ultrapassava já os 60 milhões de utilizadores (15 milhões pagos). Deste império musical, Daniel Ek é o detentor de 12 a 14 por cento, segundo revelou em entrevista ao Financial Times.O que é que o Spotify faz com o dinheiro?
Daniel Ek tem lidado recentemente com vários ataques ao seu serviço de streaming, que se encontra disponÃvel em mais de 30 paÃses, entre os quais Portugal. O artista Thom Yorke e o produtor Nigel Godrich, por exemplo, retiraram várias músicas desse serviço de streaming, incluindo o álbum Atoms for Peace e o trabalho a solo The Eraser, por acreditarem que o modelo de negócio deste gigante prejudica os jovens artistas. A cantora country Taylor Swift tornou-se num dos casos polémicos mais recentes, ao retirar a maior parte da sua discografia por não considerar que o seu trabalho estivesse a ser apreciado e devidamente pago. Ao Financial Times, Ek confessou alguma tristeza causada por estes gestos de resistência muito pública à sua visão, admitindo que 'não se começa uma companhia de música para se ficar obscenamente rico'. O que quer dizer com isto? Daniel Ek explica com números: 'Pagamos mais de 70 por cento de todo o dinheiro que fazemos, por isso não estamos a roubar a ninguém'. , Quem é Daniel Ek, o homem por detrás da Spotify? ,Ler Artigo Completo, %%url%%domingo, 30 de agosto de 2015
Cavaquinho: as quatro cordas que chegam do Minho ao Havai
Cavaquinho: de onde veio e porquê tanto sucesso?
Se tentarmos traçar uma cronologia à vida do cavaquinho, podemos chegar à antiga Civilização Grega, com as suas liras e cÃtaras de cordas, trazidas até à remota PenÃnsula Ibérica pelas tribos celtas. Porém, o cavaquinho como o conhecemos hoje, com a forma caracterÃstica de uma guitarra em miniatura, remonta à cidade de Braga. No século XV, as caravelas dos descobrimentos levaram o cavaquinho à s costas africanas e, eventualmente, ao Novo Mundo para lá do oceano Atlântico. Ao Havai, também chegou algures no final do século XIX, pelas mãos de emigrantes lusitanos. Perceber de onde veio e como chegou a todo o mundo não é difÃcil. Mas porquê tanto sucesso? Além de proporcionar uma música mais solta e alegre, o cavaquinho é pequeno, simples de transportar e, por ter apenas quatro cordas, torna-se extremamente fácil de aprender. A afinação é também muito simples, estando normalmente afinada para ré-si-sol-ré.Quem toca cavaquinho por esse mundo fora?
Mais recententemente, a popularidade do cavaquinho é atribuÃda a Israel Kawakawiwoâole. Falecido em 1997, o artista havaiano é hoje recordado pelo êxito que junta dois clássicos musicais: Somewhere Over The Rainbow/What a Wonderful World. Gravada para o álbum Facing Future, lançado em 1993, a faixa só obteve o seu grande sucesso quando usada em bandas sonoras de filmes e rádios. Não bastando a letra das icónicas músicas imortalizadas por Judy Garland e Louis Armstrong, o havaino recorreu ao cavaquinho â" chamado ukulele no Havai â" para dar vida ao medley. A canadiana Nelly Furtado, filha de emigrantes açoreanos, aprendeu a tocar cavaquinho aos nove anos e não é a única desta geração de artistas a recorrer ao pequeno instrumento. Em entrevista à Rolling Stone, a artista country norte-americana Taylor Swift, conhecida por hits como Shake It Out e Blank Space, revelou que 'o ukulele pode trazer dimensões diferentes a uma canção' e que ficou absolutamente rendida ao som do instrumento. Hey Soul Sister, dos Train, foi um dos maiores êxitos do verão de 2011 e começa com os acordes distintos do cavaquinho, o instrumento que determina a harmonia dos quase 4 minutos da faixa. E até mesmo Zacahary Condon, dos Beirut, se rendeu ao ukulele mais por necessidade do que por curiosidade e acabou absolutamente fascinado. Confrontado com uma lesão no pulso, decidiu substituir temporariamente a guitarra pelo ukulele e o resultado foi incrÃvel. E não nos podÃamos esquecer de Eddie Vedder. A mesma voz que dá alma aos Pearl Jam e que adora surfar entre as ondas da costa portuguesa, lançou-se a solo em 2007 e editou, desde então, um segundo álbum onde usa maioritariamente o ukulele, não fosse o nome do álbum Ukulele Songs. Com uma mistura de temas originais e covers, Vedder tenta fazer de novo magia em forma de música e consegue provar a sua mestria.E o cavaquinho em Portugal?
Não há cavaquinho em Portugal sem Júlio Pereira. O músico português conta com uma discografia repleta de cavaquinho, com álbuns com Cavaquinho (1981) e Braguesa (1982), isto para não falar das colaborações em discos de Carlos do Carmo, Zeca Afonso e Fausto. Mais do que usar o instrumento para criar música, Júlio Pereira tem-se esforçado para promover o cavaquinho a nÃvel internacional, mostrando a sua versatilidade.terça-feira, 18 de agosto de 2015
Jim Morrison: o Rei Lagarto continua vivo
Jim Morrison: um acidente que talvez nunca tenha acontecido
Filho de um almirante da marinha norte-americana, Jim Morrison nasceu em Melbourne (EUA) em 1943, mas passou a infância de cidade em cidade, devido à profissão do pai. Os primeiros anos foram marcados por um episódio que descreveu como um dos acontecimentos mais importantes da sua vida: numa viagem para o Novo México, o jovem assistiu a um grave acidente de um camião que transportava Ãndios. Anos depois, o sangue espalhado pelo chão e a consciência da morte ali tão perto influenciaram fortemente o espÃrito do carismático vocalista, assombrando canções como Peace Frog, Ghost Song e The End. O mais curioso é que esse mesmo acidente foi desmentido pelos pais que supostamente estariam com ele no mesmo automóvel.Abrem-se as portas para os The Doors
Depois de algum tempo de vida boémia, o jovem acabou por concluir os estudos em cinema no ano de 1965. Foi no perÃodo da faculdade que se encontrou com Ray Manzarek, o teclista dos The Doors, a banda cujo nome foi inspirado no livro The Doors of Perception de Aldous Huxley. A obra retrata a influência dos alucinogénios no cérebro humano e defende como estas substâncias podem ser usadas para alargar a perspetiva do Homem sobre o Mundo. Se aumentar a percepção de todos os ouvintes para novas abordagens sonoras, espirituais e metafÃsicas era o objectivo foi precisamente isso que a banda liderada por Jim Morrison fez com os discos The Doors (1967), Strange Days (1967), Waiting for the Sun (1968), The Soft Parade (1969), Morrison Hotel (1970) e L.A. Woman (1971). Composta por músicos brilhantes e cada um à sua maneira bastante peculiar, os The Doors criaram um estilo musical único, caracterizado pela liberdade e génio criativo dos seus membros. Numa carreira curta, mas muito intensa, Jim Morrison partiu cedo demais, sendo considerado uma das maiores lendas da História da Música. Contudo, a sua arte e a sua voz jamais será esquecida.DISCOS RECOMENDADOS DOS THE DOORS:
, Jim Morrison: o Rei Lagarto continua vivo ,Ler Artigo Completo, %%url%%quarta-feira, 12 de agosto de 2015
Life in Photographs: o mundo como Linda McCartney o viu
Linda McCartney: de recepcionista a vulto da fotografia musical
O primeiro grande marco da carreira de Linda McCartney enquanto fotógrafa foi, sem dúvida, quando ainda era rececionista. Desviando um passe de imprensa, a jovem conseguiu esgueirar-se para dentro de um iate, no rio Hudson, onde decorria um evento promocional dos Rolling Stones. A qualidade das fotografias surpreendeu a banda de Mick Jagger, ultrapassando mesmo as do fotógrafo oficial. Algum tempo mais tarde, um retrato de Eric Clapton fez com que se tornasse na primeira mulher fotografa a assinar uma capa da revista Rolling Stone. Ainda na década de 60, Linda capturou imagens de grandes nomes de diferentes géneros musicais: de Aretha Franklin a Jimi Hendrix, passando por Bob Dylan, Janis Joplin ou os The Doors. 1969 foi o ano do casamento. Foi então que Linda decidiu adotar o nome do marido e começar a assinar como McCartney. Antes disso, a fotógrafa tinha já acompanhado o lançamento de Sgt. Pepperâs Lonely Hearts Club Band. A partir do matrimónio, a fotógrafa começou a acompanhar de perto todo o processo criativo dos Beatles, assim como o inÃcio da carreira a solo do marido. A imagem que ilustra a capa do livro remonta a esse perÃodo. Tirada em 1970, foi capturada na mesma altura em que Paul McCartney deixou os Beatles para lançar o disco homónimo que abria com o tema Lovely Linda.Linda McCartney: imagens de uma vida
Life in Photographs tem muito de fotografia musical, mas não se resume apenas a isso. O livro condensa a arte de Linda McCartney mostrando a forma como via o mundo, dos pequenos aos grandes momentos. Nele cabem tanto Michael Jackson, Stevie Wonder e (obviamente) Paul McCartney, assim como momentos do dia-a-dia como uma simples pausa para o café. Independentemente do objeto fotografado, o objetivo mantinha-se: transpor para a imagem a essência de qualquer coisa, fosse ela um grande nome da música, uma criança, animal ou garrafa de whisky. O trabalho era o reflexo de um conjunto experiências pelas quais passava: por influência do marido Linda, aventurou-se na música. Desempenhou também o papel de ativista do ambiente e dos direitos dos animais, e tornou-se vegetariana. Linda McCartney morreu em 1998, quando tinha apenas 56 anos, vÃtima de cancro. O casamento com Paul McCartney durou até à morte. Juntos adotaram uma criança do casamento anterior de Linda e tiveram mais 3 filhos. Sempre atrás da câmara, Linda McCartney deixa um legado documental da sua vida e daqueles que a rodearam. Life in Photographs é a prova disso mesmo. No livro em que a história dela se confunde com a história dos outros presenciamos momentos momentos que ficarão guardados para a posterioridade. Vejamos alguns. A fotografia é de 1967 e mostra Jimi Hendrix num concerto durante uma digressão nos Estados Unidos da América. Durante esta tour, o artista passou por Monterey Pop, pelo Hollywood Bowl e pelo Fillmore West. A imagem acima leva-nos a 1968 e mostra um momento de descontração entre os Beatles. No mesmo ano, sabe-se que o mau ambiente entre os membros da banda levou mesmo a que Paul McCartney e John Lennon gravassem em salas separadas. Na fotografia de 1978 vemos uma comparação atÃpica que levanta algumas gargalhadas. Aqui vemos o biberão aquele que será muito provavelmente o biberão do filho e o whisky do pai. 1973, na imagem vemos os recém-casados Steve McQueen e Ali MacGraw. A Jamaica foi o cenário de fundo não só para a fotografia como para o clássico, Papillon. O matrimónio terminou ao fim de 5 anos., Life in Photographs: o mundo como Linda McCartney o viu ,Ler Mais ..., %%url%%terça-feira, 4 de agosto de 2015
Como guardar uma foto do Instagram em alta qualidade?
Como guardar uma foto do Instagram?
De forma a resolver este problema, o Instagram conseguiu então aumentar a qualidade das fotografias publicadas através do aplicativo, esperando assim satisfazer todos os seus utilizadores. As fotografias passam agora a ter uma resolução de 1080 x 1080 pixeis, evoluindo da resolução anterior que se limitava aos 640 x 640 pixeis. Para começar a usufruir deste nÃvel de qualidade é necessário executar uma série de passos, ainda que aborrecidos, mas que não são nada difÃceis. Está pronto para começar? Comece então por aceder à sua conta do Instagram a partir de um computador. Onde está a fotografia que quer guardar? Dirija-se à conta do utilizador que disponibilizou a fotografia, clique sobre ela e de seguida clique no botão direito do rato. No menu que vai abrir, selecione a opção âVer código fonteâ. Agora não se assuste! Mesmo que não perceba todo esse código confuso que está à sua frente garanto-lhe que já está muito perto de obter a sua imagem em alta resolução. Carregue em simultâneo nas teclas Ctrl + F do teclado e digite de seguida a terminação .jpg . De imediato, uma parte do código vai ficar sublinhada. Copie o URL que ficar sublinhado e cole-o noutra aba do seu browser. Quase de imediato, a imagem aparece no browser, pronta para ser descarregada. O processo agora é extremamente simples: clicar de novo no botão direito do rato e guardar a imagem. , Como guardar uma foto do Instagram em alta qualidade? ,Ler Artigo Completo, %%url%%Rage Against The Machine: 35 pancadas em cheio na cabeça
âFrom a different solar system many many galaxies away
We are the force of another creation
A new musical revelation
And we're on this musical mission to help the others listen
And groove from land to land singin' electronic chants like
Zulu nation
Revelations
Destroy our nations
Destroy our nationsâ
in âRenegades of Funkâ
Para uma banda que debitou tantas palavras é irónico que seja através de uma versão e não de um tema original dos Rage Against The Machine que encontro algumas das frases simbólicas mais apropriadas para descrever o seu objectivo artÃstico. A letra original de Afrika Bambaataa é um hino revolucionário espiritual e libertador para quem decifra a mensagem codificada. E pela voz de Zack de la Rocha ganha um duplo sentido, pois descreve também como a missão musical dos Rage Against The Machine é ajudar os outros a ouvirem hinos revolucionários por todo o Mundo.
à isso, entendi, acho que percebi tudo agora mesmo: a missão dos Rage Against The Machine não era mudar o Mundo, mas sim estimular dentro de cada pessoa uma postura realista, informada, atenta e, se possÃvel, estimular a acção concreta e agressiva contra o sistema. As suas músicas são notoriamente anti-governo à semelhança de muitas outros artistas influenciados pela cultura hippie dos anos 70. Todos os paÃses têm os seus cantores que difundem temas revolucionários influenciados por essa cultura, sejam eles Bob Dylan ou Bruce Springsteen, Zeca Afonso ou Sérgio Godinho, Caetano Veloso ou Chico Buarque. Contudo, os Rage Against The Machine pregam uma mensagem de acção violenta contra o sistema. Mas é apenas música, não é incitação à colocação de bombas ou coisas semelhantes⦠Por ser tão enérgica e brutal, embora não incapacitante, achei por bem a metáfora com o poste! Mais à frente, tudo ficou mais claro:
âWe're the renegades
We're the people
With our own philosophies
We change the course of history
Everyday people like you and me
C'monâ
in âRenegades of Funkâ
Uma banda na frincha da oportunidade geracional
Há mais de 20 anos que ouço os 5 discos dos Rage Against The Machine e nunca tinha pensado nestes termos. Desde o primeiro álbum homónimo lançado em 1992 que sou fã do grupo. Eles surgiram numa época ideal: a década de 90 estava a aceitar novas mentalidades em oposição à década de 80, o hip-hop ainda não dominava tudo e mais alguma coisa, a indústria musical estava disposta a arriscar em formatos diferentes. Nesta sequência de eventos, a banda fazia uma fusão entre rap e metal, algo que não era original, mas evidenciavam uma identidade própria muito forte, que impactou o mercado musical. Foi sem surpresas que o grupo cativou milhões de seguidores com o primeiro disco. Killing In The Name foi um hit global, tornando os Rage Against The Machine na banda de cariz polÃtico e intervencionista mais bem sucedida da sua geração. Cada vez que a sociedade adopta novas posturas ou muda de valores (como a aceitação do aborto ou do casamento homossexual, por exemplo), existem limites que demoram algum tempo a serem definidos. Apenas isso explica que em determinadas fases da cultura popular sejam realizados passos de ruptura que não são sequer perceptÃveis por quem domina o status quo. Foi nessa frincha de oportunidade geracional que os Rage Against The Machine surgiram, expondo claramente com letras directas e ostensivas tudo o que lhes ia na alma sobre a sociedade e os valores dominantes que justificam guerras mundiais e manipulação de massas. Uma música como Bullet In The Head se calhar nos dias de hoje era⦠censurada. Ou talvez não, mas o que interessa é que na altura era muito contrastante com outros hits mundiais. E fazia sentido!4 Músicos excepcionais, 2 talentos raros
Nunca é demais referir que os 4 elementos dos Rage Against The Machine são músicos excepcionais. E tenho tendência para admirar quem sabe tocar música de forma imaculada, seja lá de que género for o artista. Mas, apesar de apeciar o baixista Tim Commerford e o baterista Brad Wilk, que fazem uma secção rÃtmica muito forte e dinâmica, quem realmente admiro é o guitarrista Tom Morello e o vocalista Zack de la Rocha. O primeiro porque simplesmente desbunda (e desbunda muito) na guitarra: vi com os meus próprios olhos como domina o instrumento e, sobretudo, como coloca todo o seu talento ao serviço de cada canção. Não é um Joe Satriani, nem sequer um virtuoso desse género, mas para mim revela muito mais sabedoria e inteligência do que a grande maioria dos guitarristas mais famosos do Mundo. Claro que Tom Morello ouviu Jimmy Page durante muitas horas, mas quem o pode censurar por fazer novos riff zeppelianos a cada nova canção? São sempre muito bons! Contudo, nem tudo é harmonia e rock poderoso no som delicioso da guitarra de Tom Morello. Ele é motivado mais pelos fins do que pelos meios, por isso, existem solos cacofónicos e inenarráveis, e outros milhares de sons que eu julgava serem impossÃveis de extrair de uma guitarra. A questão nem é se ele toca bem ou não, mas sim: como é que ele faz aquilo? Em cada disco dos Rage Against The Machine, o livrinho que acompanha o álbum tem sempre uma referência: âAll sounds are made by vocals, guitar, bass and drums.â Não acredito que esta frase alguma vez tenha sido pensada para elucidar os ouvintes sobre o que fazem o baixista, baterista e vocalista dos Rage Against The Machine. Essa declaração serve apenas e exclusivamente para que todos percebam que aqueles sons alucinantes que estão nas músicas são feitos sobretudo pela guitarra de Tom Morello, que, repetindo, desbunda, desbunda muito! Na primeira visita dos Rage Against The Machine a Portugal, como cabeças de cartaz do Festival Super Bock Super Rock de 1997, vi pela primeira vez como Tom Morello tem um domÃnio total da guitarra, criando sons de maneira totalmente inóspita e inesperada. Desde espetar o jack do cabo do amplificador directamente nas cordas, ou fazer na perfeição um solo enquanto batia furiosamente no instrumento sem tocar qualquer acorde, Tom Morello exibiu um repertório digno de mágicos. E fazia tudo isto com uma simplicidade e humildade notórias! Horas antes, cruzei-me com o guitarrista dos Rage Against The Machine nos bastidores do Festival de Música. Com a preciosa ajuda do meu grande amigo André Hollanda, fundador e baterista dos ZEN (que actuaram nesse mesmo dia), consegui entrar para a zona onde os artistas relaxam antes de cada espectáculo. Mas não foi nesse local que vi Tom Morello em carne e osso. Apenas quando já vinha a sair da zona restrita eu e o meu amigo reparamos numa pessoa rodeada de cabos e guitarras numa rampa de acesso à parte de trás do palco principal. Era Tom Morello a carregar o material para o concerto que ia realizar dentro de algumas horas. Trocamos olhares, sorrimos e continuamos o caminho. Fiquei espantado que um dos deuses mundiais da guitarra estivesse ali a transportar o equipamento. E passei a admirá-lo ainda mais. Além de tudo isto, Tom Morello é uma personagem da cultura popular que usa a sua fama para acções concretas, sendo aliado natural de figuras como Beastie Boys, Bruce Springsteen, Jack Johnson, Eddie Vedder e muitos outros. Neste particular partilha com Zack de la Rocha uma vivência que norteou as suas personalidades artÃsticas.Zacarias Manuel de la Rocha: letras para pensar e estimular acções
Também admiro muito o vocalista da banda (cujo nome verdadeiro é Zacarias Manuel de la Rocha) porque apesar de ser um limitado vocalmente considero que usa de forma excepcional as poucas qualidades que possui para criar música intensa. Não tem a amplitude de Mike Patton, nem o poder da voz de Phil Anselmo (Pantera) ou Max Cavalera (Sepultura). Todavia é um vocalista e letrista memorável, que exibe de alma aberta e de forma frontal e directa todos os seus predicados, pensamentos e adjectivos. Até ao último disco do grupo só existiam 3 maneiras que Zack de la Rocha utilizava para ilustrar as músicas: ou sussurrava, ou rappava, ou berrava. Ele não cantava propriamente melodias para trautearmos, mas o que faz é muito eficaz e musicalmente perfeito para a sonoridade do grupo de Wake Up e Freedom. Na verdade, as letras e a voz de Zack de la Rocha são a combinação ideal para a abordagem dos outros elementos. O resultado sonoro é tão coeso e forte, que parece ser maior do que a soma das partes. Um facto notório durante a existência da banda (descontando o regresso temporário do grupo aos concertos entre 2007 e 2010) é que os Rage Against The Machine foram uma banda irregular que viveu entre contradições. E não somos todos assim? Contudo, num grupo com ambições artÃsticas e sociais, editar apenas 3 álbuns originais (Rage Against The Machine, Evil Empire e The Battle of Los Angeles), 1 disco de versões (Renegades) e outro ao vivo (Live at the Grand Olympic Auditorium) foi manifestamente escasso. Infelizmente, o vocalista dos Rage Against The Machine colocou um ponto final na curta carreira do grupo ao abandonar o projecto em 2000. Após 8 anos de sucesso artÃstico e comercial, os Rage Against The Machine terminaram de forma surpreendente. A maioria das informações credÃveis aponta que a responsabilidade maior cabe a Zack de la Rocha, que não queria lançar o disco Renegades. Por sua vez, os outros elementos do grupo sempre lamentaram os grandes hiatos de tempo entre cada disco, impondo de certa forma a edição deste álbum de versões, enquanto esperavam pelo vocalista para criarem um novo disco de originais. Seja como for, tais desacordos impediram o grupo de lançarem novas músicas até hoje.à o dinheiro estúpido, é o dinheiro!
No folheto do último disco de estúdio dos Rage Against The Machine a banda ensina a qualquer pessoa uma forma de protesto que é, em simultâneo, um crime federal nos EUA⦠e é um acto pelo qual nunca ninguém será apanhado. No folheto eles impelem os fãs a escreverem mensagens em notas de dólar. Qualquer tipo de mensagem serve, de preferência uma mensagem que ajude quem a vai ler. Não sei quem teve a ideia, mas é brilhante que o simbolismo gráfico final dos Rage Against The Machine seja isto. O que eles querem dizer é que o sistema é⦠o dinheiro (sempre foi o dinheiro). O sistema não é o Obama, o partido grego Syriza, Fidel Castro, a União Europeia, ou Lula da Silva e o seu PT. Inseridas nas músicas dos Rage Against The Machine estão muitas reflexões e denúncias sobre sistemas polÃticos, conspirações mundiais, lado a lado com crÃticas ferozes à s classes dominantes. Mas será que as lutas encetadas pela banda, como por exemplo os casos de Leonard Peltier ou Mumia Abu-Jamal, são relevantes para a minha pessoa? Claro que são interessantes de conhecer e acompanhar, mas eu, como a maioria dos mortais, preocupo-me muito mais com o meu quotidiano e o que se passa à minha volta. Então por que razão as histórias particulares contadas pelos Rage Against The Machine podem ser úteis para problemas totalmente diferentes e generalistas? Julgo que, como a grande maioria das pessoas, naturalmente também acho que os Governos limitam a minha vida. Considero também que os impostos e sistemas que controlam os meus movimentos desde o nascimento até à morte, e que me prejudicam diariamente através da corrupção e manipulação da verdade, podiam ser menos impactantes para todas as pessoas. Mas os sistemas são os mesmos em todo o lado e dominam todos os paÃses do Mundo, sendo obviamente manipulados pela polÃtica e lobbies, que geram a corrupção e falta de liberdade e respeito pelos valores humanos básicos. Isto sem falar ainda do desfalque das riquezas das nações. Sim, acredito que podemos viver num Mundo melhor e que cada pessoa na sua acção individual pode ajudar nesse desÃgnio. Mas não vivo em ilusão. Não sou um pessimista, mas sim, como dizia José Saramago, um ârealista informadoâ. Mas para que servem então então as músicas dos Rage Against The Machine? Servem para estimular mais ârealistas informadosâ! Estas canções abrem pensamentos, denunciam imoralidades comuns a todo o universo e, por essa razão, eles se tornaram na banda de culto que conhecemos. Acima de tudo em cada música, álbum ou concerto, os Rage Against The Machine criaram arte de acordo com os seus valores e convicções, apelando a uma liberdade individual de pensamento realista.A ética dos Rage Against The Machine
Raras vezes o nome de uma banda é tão directo sobre qual a mensagem da mesma. Mas Rage Against The Machine não deixa dúvidas: é música destinada a amplificar sentimentos de raiva contra o sistema. De preferência, sentimentos que sejam transformados em acções. Devido à s fortes posições activistas e polÃticas manifestadas em todos os seus actos e canções, os Rage Against The Machine sempre foram visados por crÃticos, que os acusam de serem pouco éticos, hipócritas e não-filantropos, até chegam a dizer que a banda gastava muito dinheiro para fazer telediscos em vez de, por exemplo, alimentarem uma aldeia na Somália com esse mesmo investimento. A acusação principal e mais grave no entanto foi que a banda é uma fantochada, porque sempre editou pela empresa multinacional Sony. Julgo que nem vale a pena rebater muitas destas ideias, nem mencionar que os Rage Against The Machine participaram inúmeras vezes em concertos gratuitos e acções concretas de activismo na sociedade norte-americana e internacional, nem que grande parte dos lucros obtidos pelo grupo foram sendo doados a instituições de caridade, nem sequer que todo o merchandising dos Rage Against The Machine sempre foi manufacturado recorrendo a empresas de cariz social, estimulando o emprego nos EUA. Tom Morello tem uma resposta para estas pessoas, que prazerosamente transcrevo agora: âQuando vivemos numa sociedade capitalista, a moeda de disseminação da informação circula pelos canais capitalistas. Será que Noam Chomsky colocaria objecções sobre a venda dos seus livros na Barnes & Noble? Não, porque é nesse local que as pessoas compram livros. Não estamos interessado em pregar apenas para os convertidos. à ótimo tocar para casas abandonadas geridas por anarquistas, mas também é ótimo ter a capacidade de alcançar as pessoas com uma mensagem revolucionária, estejam eles em Granada Hills ou Estugarda.âVoltando ao poste e à s pancadas na cabeçaâ¦
Já há alguns dias que andava à procura de uma metáfora para descrever a mensagem desta grande banda de uma maneira que nunca tivesse sido escrita e fizesse sentido para mim. Nunca imaginei que tinha de levar com um poste na cara para perceber que as músicas dos Rage Against The Machine são como⦠postes parados no meio das calçadas das nossas vidas mundanas. No total são apenas 35 músicas originais, onde vamos batendo com a cabeça cada vez que as ouvimos! Mas a música dos Rage Against The Machine é acima de tudo um estado de alma, contra o adormecimento geral e pessoal, são actos brutais e agressivos para estimular acções e reflexões. São como alertas brutais de como somos estúpidos e distraÃdos com os nossos semelhantes e como o sistema nos controla muitas vezes a alma, coração e espÃrito. Neste cocktail molotov de punk, hip-hop, funk, rock e metal está implÃcito que a música da banda é apenas um complemento da personalidade e actividades dos seus elementos, reivindicando uma verdade revolcionária que marcou uma enorme legião de fãs em todo o Mundo. E marcou-me a mim também. Cada vez que ouço uma música ou álbum, ou tenho algum tipo de contacto com a arte dos Rage Against The Machine, é como levar novamente com o poste na cabeça, a relembrar-me de forma estrondosa: âAcorda estúpido, estás distraÃdo, vais sofrer consequênciasâ. Assim aconteceu mais uma vez no final da viagem depois de parar o carro e ouvir umas tantas músicas dos Rage Against The Machine. Esse momento de clareza doeu, mas sorri e continuei a caminhar.DISCOGRAFIA RAGE AGAINST THE MACHINE
Live at the Grand Olympic Auditorium
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